Não quero
A lugar nenhum chegar
A música Travessia de Milton Nascimento
agora adentra em todo o meu corpo.
Invade -me e me possui, sem limites nem barreiras.
Sinto que ela me conduz sem rumo e sem destino.
Sim, prefiro apenas ouvi-la e me emocionar!
Ela me traz tempos
que já se foram e que não irão mais retornar!
Tempos em que sentimentos eram mesmo sentimentos.
Emoções e sensações, também!
E paixão e amor eram vividos e sentidos
para em geral não acabar.
Para, dentro de nós, entrar, permanecer e marcar.
E de nosso coração não se retirar.
Sim, confesso, sou saudosista, porque acredito
no ótimo, no especial e no melhor.
No que não se pode comparar.
No insubstituível e no único.
No incomparável, que não mais retornará.
Momentos e realidades que ao chegarem
eram razão para sentirmos alegria e felicidade
sem igual.
Sim, lembro-me de quando era criança e
um jovem adolescente.
Quase um homem que se permitia viver,
ser, sentir, amar...
Chorar...
Compartilhar...
E buscar o meu mundo melhorar...
Numa ingenuidade que só temos
quando somos de fato muito jovens.
Que nos levava a acreditar que caminhavámos
para algum lugar!
E que a ele todos nós iríamos chegar!
Mas, hoje, sinto revelar, que nosso mundo mudou
e, para pior.
Onde o progresso é um palavrão
que deveríamos deixar de acreditar.
De aceitar.
E de falar.
Que não deveria em nossas vidas nos acompanhar.
Para que nossas vidas não acabem sem sentido
e sem nada deixar.
Mas como, para mim, dois mais dois são quatro,
nesta Travessia eu não quero
a lugar nenhum chegar!
Roberto Romanelli Maia
Escritor, Jornalista e Poeta
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