sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Não quero A lugar nenhum chegar



Não quero
A lugar nenhum chegar


A música Travessia de Milton Nascimento
agora adentra em todo o meu corpo.

Invade -me e me possui, sem limites nem barreiras.

Sinto que ela me conduz sem rumo e sem destino.

Sim, prefiro apenas ouvi-la e me emocionar!

Ela me traz tempos
que já se foram e que não irão mais retornar!

Tempos em que sentimentos eram mesmo sentimentos.

Emoções e sensações, também!

E paixão e amor eram vividos e sentidos
para em geral não acabar.

Para, dentro de nós, entrar, permanecer e marcar.

E de nosso coração não se retirar.

Sim, confesso, sou saudosista, porque acredito
no ótimo, no especial e no melhor.

No que não se pode comparar.

No insubstituível e no único.

No incomparável, que não mais retornará.

Momentos e realidades que ao chegarem
eram razão para sentirmos alegria e felicidade
sem igual.

Sim, lembro-me  de quando era criança e
um jovem adolescente.

Quase um homem que se permitia viver,
ser, sentir, amar...

Chorar...

Compartilhar...

E buscar o meu mundo melhorar...

Numa ingenuidade que só temos
quando somos de fato muito jovens.

Que nos levava a acreditar que caminhavámos
para algum lugar!

E que a ele todos nós iríamos chegar!

Mas, hoje, sinto revelar, que nosso mundo mudou
e, para pior.

Onde o progresso é um palavrão
que deveríamos deixar de acreditar.

De aceitar.

E de falar.

Que não deveria em nossas vidas nos acompanhar.

Para que nossas vidas não acabem sem sentido
e sem nada deixar.

Mas como, para mim,  dois mais dois são quatro,
nesta Travessia eu não quero
a lugar nenhum chegar!


Roberto Romanelli Maia
Escritor, Jornalista e Poeta